João Guilherme Ripper
Nascido no Rio de Janeiro, o compositor João Guilherme Ripper graduou-se e cursou mestrado em Composição na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Doutorou-se na Universidade Católica da América, em Washington D.C. Realizou estudos adicionais em regência orquestral em Mendoza e Buenos Aires, na Argentina. É professor licenciado da Escola de Música da UFRJ, instituição que dirigiu entre 1999 e 2003. Ripper dirige a Sala Cecília Meireles, principal sala de concertos do Rio, desde 2004. Sua gestão caracteriza-se por uma ampla reforma artística e administrativa, culminando na atual obra de modernização.
Ripper recebeu o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) em 2000, por sua ópera Domitila. Em dezembro de 2005, a revista Bravo, na 100ª edição, selecionou a sua ópera Anjo Negro como uma das cem melhores produções musicais realizadas no Brasil, nos últimos oito anos.
Figurando entre os compositores brasileiros de maior repercussão da atualidade, Ripper tem tido suas obras apresentadas nas principais salas de concerto do Brasil e também no exterior. Destacam-se as composições recentes Desenredo, escrita em 2008 (para solistas, coro e orquestra) sob encomenda da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, e Olhos de Capitu, do mesmo ano, quando atuou como compositor em residência do 39º Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão.
Ripper é membro da Academia Brasileira de Música e compositor em residência do Programa de Artistas Convidados 2011-2012 da Kean University, em Nova Jersey, EUA.
Sobre sua obra Psalmus o compositor comenta:
“Psalmus é uma obra de caráter religioso, inspirada na manifestação artística original do louvor judaico-cristão presente nos Salmos de David, que o compositor revestiu com uma linguagem musical contemporânea. Os dois primeiros versículos do Salmo 96: Cantate Domino canticum novum, cantate Domino omnis terra (Cantai ao Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor toda a terra) servem de base para o desenvolvimento da obra.
Em Psalmus, as palavras do salmista encontram correspondência na predominância do elemento rítmico, na densa instrumentação que privilegia a percussão e metais, e no caráter eminentemente minimalista que empresta à obra um aspecto quase dançante. Na seção central, há passagens que remetem ao jazz, algumas delas pontuadas por solo de sax soprano (ou clarinete). Elas contrapõem-se e atualizam a célula rítmica, percussiva e primordial, presente em toda a composição.
O misticismo ainda é possível na vida cotidiana? Psalmus, de maneira concisa, breve e intensa, procura descrever a música incidental das metrópoles: catedrais de concreto a céu aberto por onde passam diariamente insensíveis procissões.
Psalmus foi escrita em novembro de 2002 e é dedicada ao maestro Henrique Morelenbaum.”