Concerto para violoncelo nº 2 em mi menor, op. 30

Victor HERBERT

(1894)

Instrumentação: 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, percussão, cordas.

 

Victor Herbert vive sua primeira infância em Londres aos cuidados de sua mãe viúva e de seu avô Samuel Lover, célebre poeta, novelista e compositor irlandês. Por conta do segundo casamento de sua mãe com um médico alemão, Herbert muda-se em 1866 para Stuttgart, onde faz seus estudos musicais e inicia sua carreira profissional. Em 1881 é contratado pela orquestra da corte de Stuttgart e ali conhece a soprano Therese Förster, que viria a ser sua esposa. Nos cinco anos que se seguem, Herbert lança suas próprias obras orquestrais e dá início a uma carreira de violoncelista em Viena e Stuttgart, solando sua Suíte para violoncelo e orquestra, op. 3 e seu primeiro Concerto para violoncelo, op. 8. Contratados pelo Metropolitan Opera House de Nova York, Herbert e sua esposa mudam-se para os Estados Unidos em 1886.

 

Em Nova York, além de primeiro violoncelista do Metropolitan, Herbert torna-se membro do New York String Quartet, regente assistente de Anton Seidl e membro do National Conservatory of Music. Em 1894, a partir de Prince Ananias, passa a compor operetas, desfrutando de enorme popularidade até a Primeira Guerra Mundial. Com inúmeros sucessos e estreias na Broadway – The Serenade, The Fortune Teller, Babes in Toyland, Mlle. Modiste, The Red Mill, Naughty Marietta, Sweethearts e sua tão desejada opereta sobre um tema irlandês, Eileen –, torna-se uma das figuras mais respeitadas do Tin Pan Alley – grupo de compositores, autores e editores musicais que se estabeleceram no final do século XIX em certa região de Manhattan e dominaram o cenário de música popular nos Estados Unidos da época. Herbert foi ainda um dos principais advogados que lutaram pelos direitos de cópia e gravação nos Estados Unidos, influenciando a decisão de 1909, do Congresso, que garantia aos compositores direitos sobre venda, e fundando a Sociedade Americana de Compositores, Autores e Editores (Ascap).

 

No mesmo ano em que se lança no mundo das operetas, Herbert finaliza seu Segundo Concerto para Violoncelo e Orquestra e o estreia à frente da New York Philharmonic Orchestra conduzida por Seidl. Os três movimentos – allegro impetuoso, andante tranquillo, allegro – apresentam e reapresentam temas que são modificados segundo influência formal de Franz Liszt. A coesão e fluência alcançadas agradam o público da época, e a obra torna-se seu maior sucesso orquestral. Antonín Dvorák, que conhecera Herbert no National Conservatory of Music, encontra nessa obra inspiração para o seu próprio concerto.

 

Com o final da Grande Guerra, os ouvintes norte-americanos abandonam o gosto pelas operetas de influência europeia e voltam suas atenções para os musicais de partes vocais mais simples. Victor Herbert vê-se marginalizado, e sua música, após sua morte, foge à moda. O Segundo concerto para violoncelo, contudo, preserva-se, como parte do cânone, das flutuações constantes do gosto popular.

 

Igor Reyner
Pianista, Mestre em Música pela UFMG, doutorando de Francês no King’s College London e colaborador do ARIAS/Sorbonne Nouvelle Paris 3.

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