As bodas de Fígaro: Hai già vinta la causa

Wolfgang Amadeus MOZART

(1785/1786)

Instrumentação: 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, tímpanos, cordas.

 

As bodas de Fígaro é uma ópera de Mozart em quatro atos, estreada em 1º de maio de 1786, no Burgtheater, em Viena, sob a regência do compositor. Essa é uma das três óperas de Mozart que tiveram libretto de seu grande colaborador italiano Lorenzo da Ponte; as outras foram Don Giovanni e Così fan tutte. O modesto sucesso que a ópera obteve em Viena prenunciava as dificuldades que Mozart viria a passar nos anos seguintes.

 

Mozart baseou-se, para compor As bodas de Fígaro, na peça homônima de Beaumarchais (segunda parte da trilogia do autor francês que começa com O barbeiro de Sevilha e termina com A mãe culpada). A trama da ópera se passa em um único dia, o dia do casamento de Fígaro com Susanna. Ambos trabalham e vivem no castelo do Conde de Almaviva que tenta, de todo modo, seduzir a noiva de seu criado, antes do casamento. No início do terceiro ato, Susanna promete encontrar o Conde à noite no jardim. Essa falsa promessa tem, como intenção, reconciliar a Condessa com o já distante marido. Ao sair, a jovem encontra Fígaro, e o Conde a escuta quando diz ao noivo: “você já venceu a causa” (Hai già vinta la causa). Percebendo que havia sido enganado, ele promete vingança.

 

O número é dividido em duas partes: recitativo e ária. No recitativo (Maestoso), as intervenções da orquestra reforçam o transtorno e a raiva do Conde (“Você já venceu a causa! O que acabo de ouvir? Em que armadilha caí? Patifes, como desejo puni-los!”). Na ária (Allegro maestoso), a orquestra torna-se mais importante e acrescenta ainda maior intensidade à cólera do Conde, que se consola com a esperança de vingar-se da infelicidade que agora sente.

 

Guilherme Nascimento
Compositor, Doutor em Música pela Unicamp, professor na Escola de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e Música menor.

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