Veloce 7 (2025)

Fabio Mechetti, regente
Arnaldo Cohen, piano

BEETHOVEN
STRAVINSKY
Concerto para piano nº 5 em Mi bemol maior, op. 73, “Imperador”
A Sagração da Primavera

Fabio Mechetti, regente

Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Filarmônica de Minas Gerais desde a sua fundação, em 2008, sendo responsável pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos no cenário musical brasileiro. Construiu uma sólida carreira nos Estados Unidos, onde esteve quatorze anos à frente da Sinfônica de Jacksonville, foi regente titular das sinfônicas de Syracuse e de Spokane e conduz regularmente inúmeras orquestras. Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela realizou concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Conduziu as principais orquestras brasileiras e também em países da Europa, Ásia, Oceania e das Américas. Em 2014, tornou-se o primeiro brasileiro a ser Diretor Musical de uma orquestra asiática, com a Filarmônica da Malásia. Mechetti venceu o Concurso de Regência Nicolai Malko e é Mestre em Composição e em Regência pela Juilliard School. Na Temporada 2024, apresentou-se com a Orquestra Petrobrás Sinfônica e retornou ao Teatro Colón, onde conduziu a Filarmônica de Buenos Aires.

Arnaldo Cohen é um dos mais consagrados pianistas do Brasil. Em cinquenta anos de carreira, apresentou-se como solista em mais de 4 mil concertos, acompanhando orquestras como as filarmônicas de Londres e de Los Angeles, a Royal Philharmonic, a Philharmonia, a Orquestra de Cleveland e muitas outras. Colaborou com regentes do calibre de Yehudi Menuhin, Kurt Masur e Wolfgang Sawallisch, e tocou em alguns dos maiores teatros do planeta, incluindo o Scala de Milão, Concertgebouw (Amsterdã), Symphony Hall (Chicago), Teatro de Champs-Elysées (Paris), Barbican Center e Royal Albert Hall (ambos em Londres). Formado em Piano e em Violino pela Escola de Música da UFRJ, Cohen conquistou por unanimidade o Primeiro Prêmio no Concurso Internacional Busoni, na Itália, em 1972. No início da década de 1980, mudou-se para Londres, onde consolidou sua carreira como músico e atuou como professor na Royal Academy of Music e no Royal Northern College of Music. Em 2004, decidiu viver nos Estados Unidos, tornando-se o primeiro brasileiro a assumir uma cátedra vitalícia na Escola de Música da Universidade de Indiana. Entre suas gravações, destaque para as elogiadas interpretações de Liszt e uma abrangente coletânea de música brasileira para o selo BIS. Admirado por sua técnica exemplar, Cohen é colaborador de longa data da Filarmônica e do maestro Fabio Mechetti. Foi um de nossos primeiros pianistas convidados, acompanhou-nos em turnês pelo Brasil e apresentou-se diversas vezes na Sala Minas Gerais. Em 2018, Cohen celebrou conosco os seus 70 anos de vida e os 10 anos da Orquestra em uma apresentação memorável no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Programa de Concerto

Concerto para piano nº 5 em Mi bemol maior, op. 73, “Imperador” | BEETHOVEN

O piano no Quinto Concerto é, frequentemente, mais um colaborador, com grandes passagens de caráter improvisatório, do que propriamente solista, apesar da escrita altamente virtuosística. No início do primeiro movimento, o piano interrompe a orquestra para executar uma breve cadência. Apesar da grandiosidade desse primeiro movimento, as passagens do piano são muitas vezes extremamente leves. No segundo movimento, de um lirismo ímpar, piano e orquestra travam um dos mais belos diálogos da história da música, naquele que Berlioz dizia ser o maior modelo de integração entre piano e orquestra. Sem intervalo algum, entramos no terceiro movimento, com caráter ao mesmo tempo incisivo e gracioso, onde a sonoridade do piano oferece algumas antecipações surpreendentes de Chopin. Por toda a obra destaca-se o contraste entre o heroísmo da orquestra e a delicadeza do piano.

A Sagração da Primavera é uma obra atemporal. O argumento que lhe dá origem é um mergulho na noite dos tempos, e sua realização musical parece ter, ao lado de uma evidente modernidade, algo de uma força atávica. Segundo o compositor, a ideia da obra lhe ocorreu a partir da visão de uma jovem, circundada por sábios, em uma dança ritual que culminaria em sua morte – oferenda para tornar propício o deus da primavera. O passo seguinte foi dado quando Stravinsky e seu amigo Nikolai Roerich – pintor e intelectual interessado na antiguidade eslava – idealizaram o cenário de danças e de ritos encantatórios que serviria de fio condutor para a obra. Desta, costuma-se lembrar do argumento ou das audácias musicais mais diversas – harmonias, texturas, invenções orquestrais, rítmica –, mas nem sempre se dá ênfase ao contexto em que veio a público pela primeira vez. Após a tumultuada estreia, em 29 de maio de 1913, no Théâtre des Champs-Elysées, Stravinsky relatou: “estávamos excitados, zangados, desgostosos e… felizes”. Muito embora as obras anteriores – O pássaro de fogo e Petrushka –, encomendadas pela companhia dos Balés Russos, já apresentassem facetas particulares da linguagem stravinskyana – a paleta orquestral do primeiro e, do segundo, uma evidente vivacidade rítmica –, é com a Sagração que ocorre, de modo peculiar, a eclosão de uma rítmica arrebatadora e de um tratamento motívico particular, ao qual se subordinam breves fragmentos melódicos.

Quero ser lembrado deste concerto.
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