Serenata nº 9 em Ré maior, K. 320, “Posthorn”

Wolfgang Amadeus MOZART

É fato observável que, no início de novas “eras estilísticas”, por assim dizer, a imprecisão conceitual de certos gêneros permeie a produção artística e musical. No início do século XVIII, por exemplo, denominações aplicadas a determinadas obras instrumentais, sinfônicas ou de câmara podem ser enxergadas, formalmente, como o mesmo procedimento: analiticamente falando, divertimentos, “partitas” e serenatas são, aí, análogos tanto em sua estrutura formal quanto em sua função social: eram obras geralmente encomendadas para compor festividades e eventos sociais aristocráticos ou burgueses. Nesses gêneros, evita-se o uso da linguagem polifônica, e neles não é raro que se encontrem citações de temas ou canções populares.

 

Mozart compôs, ao longo da vida, cerca de uma dúzia de serenatas. Encomendada para uma cerimônia da Universidade de Salzburg, a Serenata K. 320 foi composta e estreada em 1779, quando o compositor ainda aí residia. Na sua instrumentação, que valoriza particularmente determinados instrumentos de sopro, Mozart elabora trechos relevantes para a flauta e o oboé (como no terceiro e quarto movimentos) e inclui inusitadamente partes para o flautim, no primeiro trio do segundo minueto, e um solo para a “trompa de posta” (instrumento que anunciava, dentre outras coisas, a chegada e saída dos correios e que era distinto da “trompa de caça”, usada obviamente nas caçadas), no segundo trio do mesmo minueto, o que conferiu o subtítulo à obra.

 

Moacyr Laterza Filho
Pianista e cravista, professor na Escola de Música da UEMG e na Fundação de Educação Artística.

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