Fantasia Escocesa, op. 46

Max BRUCH

(1880)

Instrumentação: 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas.

 

Max Bruch aprendeu música com a mãe e começou a compor aos nove anos de idade. Aos quatorze, enviou à Fundação Mozart de Frankfurt um Quarteto de cordas (descoberto por Ulrike Kienzle em 2013). Como resultado, recebeu em 1852 subsídios para continuar seus estudos com Ferdinand Hiller, Karl Reinecke e Ferdinand Breunung, em Colônia, por quatro anos. Bruch passou dois anos em Mannheim (1862-1864), onde começou a ganhar reconhecimento nacional ao criar a ópera Die Loreley (1862) e a cantata Frithjof (1864), para soprano, barítono, coro masculino e orquestra.

 

De 1865 a 1867, foi Kapellmeister da corte de Koblenz, onde compôs o Primeiro concerto para violino em sol menor, op. 26, que se tornaria incomodamente popular para ele. De 1867 a 1870 exerceu função análoga no principado de Sondershausen. Passou então a viver como compositor autônomo, até ocupar cargos de regente de orquestra em Berlim (1878-1880), em Liverpool (1880-1883) e na Breslávia (1883-1890). Em 1890 tornou-se professor de Composição na Hochschule für Musik, de Berlim, onde lecionou até 1911. Entre seus alunos estiveram o inglês Ralph Vaughan Williams (1896-1897) e o italiano Ottorino Respighi (1879-1936). Morreu em Berlim, respeitado, mas isolado em função de sua hostilidade à Nova Escola Alemã.

 

A habilidade orquestral de Bruch só é ultrapassada por sua inventividade melódica. Frequentemente essas melodias têm origem nos folclores da Suécia ou da Rússia, ou então em tradições celtas ou judaicas. O catálogo de suas obras, além de três sinfonias, música de câmara e pequeno número de canções e peças para piano, indica como volume mais importante o de obras para coro e orquestra e as peças para instrumento solo e orquestra, notadamente para violino e violoncelo, a exemplo da Fantasia Escocesa para violino e a Fantasia Escocesa para violino e harpa, vários concertos e Kol Nidrei, para violoncelo.

 

A Fantasia Escocesa, op. 46 foi composta em Berlim no inverno de 1879/1880 a pedido do violinista espanhol Pablo de Sarasate, ao qual foi dedicada. Fritz Simrock (da tradicional casa editora musical alemã) publicou-a em 1880 como Fantasia para violino acompanhado de orquestra e harpa, com uso livre de melodias folclóricas escocesas. Joseph Joachim estreou-a em Liverpool, em 22 de fevereiro de 1881, sob a batuta do autor.

 

“O título ‘fantasia’ é muito geral e via de regra indica uma peça curta, e não uma peça em vários movimentos (tanto mais sendo plenamente concebidos e elaborados). Mas a obra não pode ser propriamente designada como um concerto porque a forma é totalmente livre, e são usadas melodias folclóricas”, escreveu Max Bruch a seu editor. Cada movimento se baseia numa melodia. No Allegro guerriero final, prevalece a canção Hey Tuttie Tatie, que teria sido cantada pelos soldados de Robert the Bruce, Rei dos Escoceses, na Batalha de Bannockburn, em 1314, quando derrotaram o exército inglês de Eduardo II.

 

Carlos Palombini
Musicólogo, professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.

anterior próximo