Richard STRAUSS
Instrumentação: 2 piccolos, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, 2 fagotes, contrafagote, 2 trompas, trompete, trombone, tímpanos, percussão, harpa, piano, cordas.
O burguês fidalgo é, originalmente, uma comédia teatral de Molière, entremeada com música e dança. Foi apresentada, pela primeira vez, com música de Jean-Baptiste Lully, em 1670, para a corte de Luís XIV, no Castelo de Chambord. A peça conta a história de Monsieur Jourdan, burguês rico que deseja, a todo custo, tornar-se aristocrata. Para tal, empenha-se, arduamente, em aprender as maneiras dos nobres. Com sonhos cada vez maiores de ascensão social, deseja casar sua filha com um nobre, ignorando sua paixão por Cléonte, rapaz da classe média. Cléonte, disfarçado, apresenta-se como filho do sultão da Turquia e ganha o consentimento de Jourdan. A peça termina com uma cerimônia burlesca à moda turca.
Em 1911, o poeta Hugo von Hofmannsthal, que havia escrito o libreto para a ópera Der Rosenkavalier, de Richard Strauss, sugeriu ao compositor a criação de um novo tipo de espetáculo: a adaptação de O burguês fidalgo, com música incidental em caráter barroco, à moda de Lully, seguida da ópera Ariadne auf Naxos, do próprio Strauss, que entraria no lugar da cerimônia turca do texto de Molière. A estreia se deu no Hoftheater, em Stuttgart, em 25 de outubro de 1912, e foi um fiasco. A combinação de teatro e ópera mostrou ser problemática, o que levou poeta e compositor a decidirem separar as duas, adaptando-as para que pudessem ter vidas próprias. Para O burguês fidalgo, Hofmannsthal escreveu um final parecido com o de Molière e Strauss criou mais alguns números de música incidental. Em 1917, o compositor transformaria a maior parte da música em uma suíte de concerto, que foi estreada com sucesso em Viena, janeiro de 1920, sob sua batuta.
Guilherme Nascimento
Compositor, Doutor em Música pela Unicamp, professor na Escola de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e Música menor.