Instrumentação: flauta, oboé, fagote e cordas.
Mozart já conhecia o competente e versátil Emanuel Schikaneder – ator, cantor, poeta, proprietário de teatro –, que se estabelecera em Viena e passou a dirigir o Theater auf der Wieden. Ele propõe a Mozart criarem um Singspiel (ópera cômica alemã). Mozart, por necessidade pecuniária e pelo gosto de compor outra ópera alemã depois de O rapto do serralho, aceita a proposta e a temática. Enquanto Constance faz sua temporada de banhos termais em Baden, Wolfgang ocupa uma casinha de madeira ao lado do teatro, onde compõe A flauta mágica, de maio a julho de 1791. Trabalhou com grande entusiasmo, compondo música de extraordinária e eterna beleza. A ópera é estreada em 30 de setembro. O enredo oferece um contexto às vezes solene e nobre, com ilações egípcias e maçônicas, outras vezes com influências de contos de fadas e divertimentos, além da diversidade de personagens, como o passarinheiro Papageno, a Rainha da Noite e Sarastro, o sacerdote.
A ária de Pamina – Ach, ich fühl’s – acontece quando a princesa, encontrando Papageno e Tamino, dirige-se a seu amado príncipe, que se afasta sem responder. Pamina, que ignora a interdição de falar, imposta a Tamino pelos sacerdotes, crê que o príncipe não mais a ame. Desolada, canta a triste ária: “Sinto que minha felicidade desapareceu para sempre. Nunca voltareis ao meu coração, horas deliciosas! Vê, Tamino, estas lágrimas correm só por ti, amado. Não vês as ânsias do amor? Somente na morte haverá paz !”.
Berenice Menegale
Pianista, fundadora e diretora da Fundação de Educação Artística.