A Sudden Rainbow

Joseph Schwantner

(1986)

Instrumentação: Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 3 clarinetes, clarone, 3 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, piano, celesta, cordas.

 

Em 1982, a fim de reaproximar compositores contemporâneos, grandes orquestras e o público de concerto norte-americano, o programa Meet the Composer selecionou cinco importantes compositores para dois anos de residência em cinco das maiores orquestras dos Estados Unidos: Jacob Druckman colaboraria com a New York Philharmonic, John Adams com a San Francisco Symphony, John Harbison com a Pittsburgh Symphony Orchestra, Robert Xavier Rodriguez com a Dallas Symphony Orchestra e Joseph Schwantner com a St. Louis Symphony. Regida por Leonard Slatkin, a St. Louis Symphony mostrou-se um fecundo laboratório, e a colaboração com Slatkin rendeu a Schwantner não apenas as encomendas de A Sudden Rainbow, Magabunda e From Afar…, concerto para violão e orquestra, mas também a estreia de seu Concerto para piano.

 

Schwantner graduou-se pelo American Conservatory of Music de Chicago em 1964 e obteve os títulos de mestrado e doutorado pela Northwestern University respectivamente em 1966 e 1968. Vencedor do prêmio Pulitzer de música em 1979 pela obra Aftertones of Infinity, o compositor desfrutava enorme sucesso profissional quando se afastou da Eastman School of Music para aceitar o convite junto à St. Louis Symphony. Sua produção, embora frequentemente comparada aos trabalhos de Bartók, Berg, Berio, Debussy, Messiaen e Rochberg, é bastante idiossincrática. E seu estilo sintetiza uma diversidade de influências que se estendem do impressionismo e vanguardas francesas às percussões africanas, das explorações tímbricas de George Crumb às tendências minimalistas e estéticas serialistas.

 

Estreada em 1 de fevereiro de 1986, A Sudden Rainbow foi indicada ao Grammy de Melhor Composição de Música Clássica Contemporânea de 1987 e premiada com o terceiro lugar no Kennedy Center Friedham Awards. Embora uma peça para orquestra sem solista, a exploração temática e formal de seções isoladas da orquestra faz da obra um exemplo daquilo que se poderia chamar de um concerto para orquestra. Em movimento único, a peça apresenta uma estrutura formal simétrica, inspirada na figura do arco-íris. Descrito pelo compositor como um ofuscante fenômeno visual, de beleza luminosa e prismática, o “arco-íris contém as cores puras do espectro visual em faixas consecutivas e é formado no céu pela refração, reflexão e dispersão dos raios do sol na chuva ou na neblina”. Analogamente, A Sudden Rainbow “frequentemente se desdobra em camadas estratificadas de cores orquestrais”, modeladas “pelo equilíbrio de forças tímbricas e espaciais em jogo na obra”. Com um conjunto orquestral expandido, a peça joga com as texturas dos sopros, metais e cordas, que são enriquecidas pelas interferências do piano, celesta, harpa e, principalmente, percussão. A Sudden Rainbow engendra uma “profusão de ricas e vívidas sonoridades e texturas”, subitamente oferecendo aos ouvidos um equivalente daquilo que o arco-íris oferece aos olhos.

 

Igor Reyner
Pianista, Mestre em Música pela UFMG, Doutor em Literatura no King’s College London e colaborador do ARIAS/Sorbonne Nouvelle Paris 3.

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